sábado, 31 de outubro de 2015

Cicatrizes

Esse vai ser, provavelmente, o texto mais longo desse blog.
Provavelmente o mais longo que já escrevi e que você já leu,
vindo de mim.

Acho que todos temos algo em comum: cicatrizes.
Pensei em falar sobre processos de cicatrização e regeneração de tecidos
mas plaquetas e coagulação não é o foco desse texto nem desse
blog.

Li em algum lugar que homens com cicatrizes são mais atrantes para
as mulheres, pois remete ao "guerreiro, caçador" e nos torna mais
"homens".

Então sou um dos caras mais atraentes da Terra, presumo.

Li também que as cicatrizes regeneram mais rápido conforme seu metabolismo,
faixa etária, níveis hormonais e nível de células-tronco. Também tem á ver com
carinho que você recebe. Além de fatores como concentração de glóbulos
brancos e vermelhos por ml de sangue e aqui
estou
falando
de
biologia
de novo.

Sempre cicatrizei muito rápido.
Lembro de quando estava á caminho da natação, com algo em torno de dez anos
e caí na metade do percurso.
Ralei o joelho todo e sangrou pra caramba, continuamos.
Nadei com aquela ferida aberta e, quando cheguei em casa, estava completamente
fechada e em menos de três dias já tinha sumido dali.
Não sou o Wolverine, calma. Mas também fizemos um experimento há uns 2 anos
onde me cortei propositalmente com uma faca, enquanto trabalhávamos com
arquivos numa biblioteca e cronometramos quanto tempo demoraria pra parar de
sangrar. Foi algo em torno de 10 minutos.
O que eu quero dizer com tudo isso?
Sempre cicatrizei muito rápido.

O corpo, ao menos.

Há 3 anos conheci uma aquariana, que não chamava mariana e me disse que
preferia não morder, coisa e tal porquê gostava de deixar "marcas na alma"
Essas aquarianas são todas malucas?
Realmente conheci uma pequena que me marcou profundamente e,
hoje quero falar sobre: profundidade.

Quero abordar também um estado chamado de "indiferença".

As marcas na minha alma nunca cicatrizaram, mas sinto que a cada batida
de meus dedos no teclado, menos um demônio habita ao meu redor e, os anjos também.
Nunca tive uma boa relação com nenhum dos dois lados, quem sabe Ele tenha
um lugar especial pra mim (ou não).

O que importa é que esse eu-lírico cansou de superficialidade.
De livros, fictícios ou não, que sempre narram as mesmas histórias.
A minha história é igual a de qualquer um e, ao mesmo tempo, completamente
difente.
Indiferente.

Eu não sei o que te trouxe até aqui, até essas rudes palavras e brutas como
um grande bloco de carvão.
Talvez você, como qualquer outro, veio em busca de um diamante.

Receio que não posso te dar isso.
O que leva alguém a escrever?
Essa dúvida sempre permeou meus sonhos e minha realidade,
mas,
o que mais me assusta é:
o que leva alguém á ler?

Tais mistérios da comunicação só me levam á uma simples e direta resposta:
Identidade.

Muitas vezes, nos identificamos com parte dos sentimentos em algum texto,
em alguma foto e,
nesse momento,
ocorre uma explosão e fluidez de sentimentos que costumo chamar de "evocação"
que,
é só mais um termo da Psicologia.
A musa inspiradora desse blog odeia essa palavra.
Psicologia.
Psicologia.
Psicologia.

Ao som de "os anjos" continuo essa história.

"Indiferença"

substantivo feminino
1.
estado de tranquilidade daquele que não se envolve com as situações; desprendimento.
"via a morte com total i."
2.
falta de interesse, de atenção, de cuidado, de consideração; descaso; desdém.
"i. pela dor alheia"

"Estado de tranquilidade daquele que..."

Como diria um livro antigo:

"Quem procura, acha. Quem pede, é atendido."

Procuro e peço esse "estado de tranquilidade".

Inclusive, aceito as consequências:

"Falta de interesse, de atenção, de cuidado, de consideração; descaso; desdém."

É esse grau de profundidade que quero que esse texto atinja,
que permeie as sensações, assim como as minhas, as tuas:
Leitor (a).

Voltando,

Ia colocar o significado de identidade aqui também mas,
achei inapropriado em relação á sentimentos.

Pois:

Identidade significa equalidade, pariedade, igualidade. Portanto,
é impossível que sentimentos se identifiquem...

Mas, podem parecer.

Será que os seus sentimentos se parecem com os meus?

O que eu quis dizer com tudo isso?
-Escrever, pra mim, é uma forma de fechar as cicatrizes que insisti em manter
abertas.

Hoje ia escrever sobre a superficilidade de quem só bebeu uma cerveja e,
pensou até em ir pra igreja ou sentar numa mesa de bar.
Aquele tipo de história que "acabou o sucrilhos" e "mamãe e papai me dão tudo".
Mas, como qualquer um que me conhece sabe, eu ralo pra ter o que tenho.
Graças á Deus e á minha família nunca passei fome nem frio, mas,
devido á erros meus, já passei os dois. Sei que soa contraditório mas
qualquer jovem que passou uma madrugada na rua deve entender.

Pensei em falar sobre relacionamentos, sobre amor, sobre qualquer outra coisa mas,
parece que já existem muitos textos por aí sobre tudo isso, né?

Espero que, pra você, essa leitura (longa) tenha sido proveitosa em algum
sentido.

Agradeço á quem leu até aqui. :)

-English Version- (In 7 days)

domingo, 25 de outubro de 2015

"24/07/2025"




Esse mês de férias do Fe e da Ana, meus filhos, estavam me deixando louco. Inventei de pegar minhas férias também no mês de julho planejando "descansar". Não deu certo. As crianças tomavam grande parte do nosso dia e a gente ficava cansado demais pra fazer qualquer coisa à noite.

Fiquei o dia todo fora, comprando as coisas impossíveis de se encontrar que minha mulher pediu e visitando uns velhos amigos.

Quando cheguei em casa, minha mulher estava incrivelmente linda e, me recepcionou com um longo beijo carinhoso. Senti que deu merda.

Ela logo ofereceu ajuda pra carregar as coisas e naquela hora saquei que alguém tinha feito besteira: quem?

Vi umas manchas de tinta na mão dela e o Felipe ria demais, a Ana calada, como sempre, mexendo no celular.

Perguntei:

-Tá, vocês vão me contar o que aconteceu?
-Nada, amor. 

Riu.
Como eu amava aquela risada:
-Não aconteceu nada, paizão! 
Retrucou o Fe.

Guardei as coisas e fui ver se estava tudo bem trancado pois já estava anoitecendo e então me deparei com "a arte" no corredor que dava pros quartos.

Uma infinidade de cores, tintas e mãos pelas paredes e os pincéis atirados no meio do corredor. O box e a pia do banheiro estavam impecavelmente sujos:
-Ainda bem que pintei tudo de tinta lavável, pensei.

Meu amor me agarrou por trás e me empurrou pra cama, dizendo com uma voz absurdamente sensual:
-Hoje você é todo meu.

Que homem não quer ouvir isso, não é mesmo?
-Adorei a pintura, é contemporânea?
-Renascentista.

Rimos.

Me questionei como poderíamos ter 8 anos de casados e termos o mesmo humor de 2015.

Pensei:
-É, to ficando velho.

Tomei meu banho e coloquei dentro do livro -seilá eu qual ela tava lendo agora- o pingente que achei com tanto custo, e que procurei o dia todo.

Quando ela saiu do banho e fez todo aquele charme pra deitar, enrolar o cabelo na toalha e abrir aquele velho livro, sorriu e me disse com os olhos molhados:

-Eu te amo.
-Eu também.


Fico me perguntando se isso já aconteceu ou ainda vai demorar pra chegar.


-Devaneios de um futuro não-tão-distante, parte II

-english version-

This vacation month was killing me. My children, Felipe and Ana, were tiring me and my wife like HELL. I took july to rest but...Couldn't.
They took a great part of our days and we weren't all-up at night.

I spent the whole day far from home, and I liked it, to buy all those impossible-to-find-things which my girl demanded. I also visited a bunch of friends.

When I got home, my wife was insanely pretty and offered to help me to carry all that stuff, also kissed me softly. I smelled all that guilt.

I saw some paint stains on her hands and Fe laughed so hard, Ana was quiet as always, doing something on her phone.

I asked:

-So, what happened?
-Nothing, sweetheart.

She laughed.

I fucking loved her laugh:
-Nothing happened, daddy!
Said him.

I organized everything, as always, and went to see if everything was nicely locked because it was already dawn, so I finally found the "piece of art" on the linguee.


A great variety of colors, ink and fingertips on the walls, some brushes on the floor. The bathroom was a complete mess:

-At least the wall painting is washable, I thought.

My honey hugged me from behind and then pushed me to the bed, saying sexily:

-Tonight you're all mine.

What man would not like to hear that, right?

-I loved the painting, in it contemporaneous?
-Renascent.

We laughed.


I asked myself how we could be married for 8 years and still the same humor from 2015.


I thought:

-I'm getting old.

Took my shower and placed secretly a pendant inside the book she was reading -I had no idea which was- I took all day to find it.


When she left the bathroom and walked so beautifully and then laid on the bed, she dried up her hair and opened that old book. She smiled and said almost crying:


-I love you.

-I love you too.

I keep wondering if this has already happened or how long will it take.


-Reveries from a not-so-long future, part II

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Ano novo (New Year)


Chegamos uns dois dias antes do Réveillon pra montar as barracas do camping, descolar onde ia ser o agito e nos habituar com o lugar. A praia estava calma.

Dessa vez, eu ia passar o ano novo "sozinho".

Pelo menos a gente trouxe o violão, pensei.

Descobri onde era o mercadinho, a padoca...

Era 31 de dezembro e 6 da matina.
Comprei macarrão, seda, bebidas e cigarros.

Quando cheguei senti aquele cheiro de maresia gostoso no camping, os pássaros cantavam e todo mundo ainda dormia.

Fiz café. Acho que o cheiro acordou a vizinhança.

Servi.

O papo era leve e cada um falava sobre a vida chata e monótona que levava em tom de brincadeira. Todo mundo reclamando, mas foi muito engraçado.
Acho que era uma espécie de competição pra ver quem era mais otário.
Lógico que ganhei quando contei as minhas histórias de amor. Queria eu que fossem inventadas.
Claro que ganhei.

Ela ria de tudo o que eu falava, como se realmente fosse engraçado ou interessante.
Me disseram que ela tava afim de mim, sei lá,
Se pá...

Dei uma varrida na barraca e estendi as roupas que tavam molhadas, me senti uma dona de casa.
Como diria ela:
-Que comentário machista.

Acendemos um e agradecemos a Jah.
Fui na goma pegar o violão,
Comecei de "Só agradece" e passamos pra "Súplica Cearense" depois um fala mansa, maneva...

O Dan acordou e tirou o violão da minha mão, com razão, e tocou "alma por alma", nossa música.
Todo mundo curtiu.
Ai mandamos "vivendo errado" que é nossa também, logo em seguida.

Aquele moleque nasceu pra tocar.

Quando fomos ver já era do almoço e tava todo mundo numa larica monstra.

Fiz um macarrão e as meninas me ajudaram, todo mundo comeu igual condenado hahaha

Abrimos umas brejas e ficamos rindo o tempo todo, chapados e bêbados, tinha coisa melhor?

Quando acordei era 11 da noite e levantei assustado, com a maior barulheira lá fora. Já tava todo mundo de branco.

Coloquei meu samba-canção só pra descontrair e regata branca.
Fui pra gandaia.

Beijei uma, duas, três...
Foi divertido.
Até que encontrei, num relance, aquela mina que tava afim de mim. Dropei um e fui ver mais de perto.

Cheguei dizendo:
-Poxa, tava te procurando.

Nos beijamos e percebi que ela tava chapada:
-Que bom, eu também.

Foi um beijo esquisito, daqueles que parece que você fala A e a pessoa fala B.

O ano virou e, nada mudou. Continuo no mesmo emprego, gostando da mesma mulher e,
Escrevendo.

domingo, 18 de outubro de 2015

Pra que título



Esse blog nasceu com a idéia antagônica de se opor a um conceito de outro blog. O legal é que mudei o foco e o estilo dos textos com o tempo. Fui desde a realidade a ficção e não me arrependo.

Meus textos não são mais pra "pequena", aliás:
-Passar bem.

Esse texto fala sobre uma aquariana muito, mas muito especial. A mais especial que conheci até agora. O nosso beijo parece um abraço demorado que tenho vontade de morar.

Será que a gente passou mais tempo conversando ou ficando? Acho que deu empate.

Não falta assunto, não falta química.

Dessa vez parece que a balança aquário-leão fez jus a oposição complementar. Até que enfim.

Acho que você nem sabe o quanto é linda. Vou te lembrar disso todo dia. Pode ter certeza que alguns textos aqui do blog já eram destinados á você muito mesmo antes da gente se conhecer.

E que jeito estranho de se conhecer né?

Eu e meu violão, Fred (que finalmente terminei de pagar) estávamos esperando, com o Ló (um grande amigo) o Dan (meu irmão) (quantos parênteses né?)

De repente, quatro jovens se aproximam de nós e um deles pede o Fred. Pensei por pouco e logo cedi: essas coisas sempre acontecem comigo mesmo.

Duas aquarianas e dois caras: um deles nem se aproximou e o outro nem sabia o que tava fazendo com o violão na mão. Não sei como mas uma delas já estava sentada do meu lado e nossos corpos conversavam através das nossas pernas. 

Peguei o violão e ensinei pra ele a música de dois acordes mais fácil que conheço: "La bela luna" 
-Paralamas

De alguma forma, o assunto desviou pra "paciência" e, acho que sou um deus nesse assunto.
Fui adorado pelas aquarianas com beliscões nas bochechas:
-Tranquilo.

Quando nosso motorista chegou, me despedi da menina que o nome começava com T e, de alguma forma, o número dela tava na minha agenda do celular agora. Mas pera, as duas começavam com T, fudeu.

Quando fomos nos despedir, nos beijamos "sem querer". É impressionante como eu já sabia que isso ia acontecer e, acho que ela também.

Começou assim e, queria dizer que quero isso pra outubro inteiro, pra novembro e, quem sabe:
Pra vida.

É tão minha cara, e, acho que a sua também, minha linda.

sábado, 17 de outubro de 2015

Vida e morte


Recentemente passei em frente à um cemitério e refleti por alguns instantes.

Quantos nós que viraram eu's separados pela morte?

"Até que a morte os separe."

Mas não é atrás da eternidade, que corremos?

Não é a transcendência que buscamos?

Imagino quantos relacionamentos, amizades, casamentos e namoros foram interrompidos por uma causa irreversível: A Morte.

Ela vem sem avisar. 
Vem pro rico, pro pobre, pro novo e pro velho. 
Pra alta, pra baixa, pra magra e pra gorda. 
Pro bonito, pro feio, pra quem fuma e pra quem não fuma.
Pra quem bebe, pra quem não bebe, pra quem vai á igreja e pra quem também não vai.
Pra quem dirige, pra quem não dirige, pra quem trabalha e pra quem não trabalha.
Pro preguiçoso, pro sanguíneo, pra quem doa órgãos e pra quem não doa.
Pra quem faz caridade, quem não faz, pra quem é confidente e também pro fofoqueiro.
Pro mentiroso, pro verdadeiro, pro empresário e pro padeiro.
Pra quem empina pipa e pra quem joga bola, pro atleta e pra quem nunca foi pra escola.
Pro filósofo, sociólogo... Independentemente do signo, ela vem.
Ela vem pra bruxa, pro pastor, pro leão e pra pequena.
O legal da morte, é que ela não aceita dinheiro; não faz sentido; nem um vintém.
Fica tranquilo, ou não fica, pois de qualquer jeito:
Ela vem.

Já dialoguei algumas vezes com a encapuzada de foice e chegamos á conclusão que a minha vida é uma piada. Rimos juntos, bebemos e fumamos. Falamos sobre Deus, sobre Satanás... ela disse que não trabalha pra nenhum dos dois:
-É um freelance, sou autônomo. Trabalho com o que eu gosto. Se bem que, o diabo pede muito mais. Mas são muitas solicitações e tudo tem que ter aval do Supremo. Afirmou. 

Eu perguntei se devia chama-lá de Ela ou Ele:
-Tanto faz.
-Vou chamar de minha, então, sua linda.
-Rimos.

Dei uma cantada na morte, gente. Das ruins.

Quem é que faz piada com a morte?
-Eu.

Falei sobre amor e ela concordou com quase tudo. Chegamos num ponto da conversa onde ela me deu um sermão dizendo pra literalmente viver os dias como se fossem o último. Pois ela, da próxima vez, viria sem avisar.

Perguntei quem seria o próximo da minha família ou amigos e ela me disse que seria antiético dizer.

A morte falando de ética.
Quem diria.

Ela me falou sobre dinheiro e como ele pode se tornar uma ferramenta pra felicidade e, algumas vezes, adiar Sua vinda.

Mas ela me disse que mesmo Midas não conseguiu a evitar. Mesmo com todo aquele ouro.

Ela comparou a vida com um castelo de areia que você leva a madrugada inteira pra construir e vem a maré cheia da manhã e destrói tudo. 
-Não é por isso que deixam de construí-los. Não é verdade?
-É verdade.

A morte entendia mais da vida que eu, vivo. Imaginei e questionei sua eternidade. Ou seria infinidade?

Ela me disse:
- Só tem 3 pessoas mais velhas que eu nesse mundo.

Pensei na santíssima trindade mas evitei falar sobre isso. Não acho que evangelismo seria apropriado naquele momento.

Pedi um último conselho e ela foi categórica:
-Morra pra viver e, não viva pensando em morrer.

Ela ainda acrescentou que ela só existe porquê não temos a maturidade necessária pra viver pra sempre.
Me disse também  que odeia os suicidas e alguns tipos de drogas.
Ela disse:
-Me dão muito trabalho e, só de raiva, às vezes deixo-os vivos. Essas drogas de hoje em dia estão matando a sanidade de vocês aos poucos.
A morte criticando drogas. Pois é.
Disse mais:
-Ah, e sobre "a morte os separe", eu não separo ninguém! Aliás, odeio essa frase. Quem se separam são vocês! Se esforçando pra morrer numa luta constante, cheia de desgastes, brigas e traições. Quando puder, peça pra me tirarem desse discurso de casamento pois eu não tenho nada a ver com isso. Nem no começo, meio ou fim.

Anotado, dona morte.

Uau.

Nunca achei que ia ter uma conversa tão franca e aberta com alguém.

Eu olhei a morte nos olhos e,
Vivi.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Estou te esperando. (I am waitin for ya)



Amor, não vejo a hora.

Não vejo a hora de te conhecer,
Me apresentar pra você e rir com você.
Ouvir sua voz e admirar seu sorriso,
Beijar seus olhos e olhar sua boca.

Quero saber tudo sobre você:
Seus medos,
sonhos...
O que você gosta e o que não gosta,
de comer e
de saber e
Até de ler.

Será que seu gosto musical vai se parecer com o meu? Seria bom, mas se não for não será a primeira nem última

Me dei uma nova chance,
Vou tentar mais uma vez, conhecer outra mulher.

Aliás, só conheci meninas até agora
É que meninas são
Tão
Mulheres né?

Espero que dessa vez ela goste de brincar com barbies mas não com corações.

Prefiro alguém que colecione bonecas do que pessoas.

Voltando,

Não vejo a hora do nosso primeiro encontro,
Do segundo e,
Até do último.

Nossos primeiros e últimos beijos, abraços, das nossas brigas, os nossos términos e voltas...

Não vejo a hora de terminar com você.
Ou você terminar comigo ou
Até
Os dois.
Já até imaginando a gente terminando e rindo e voltando e etc

Eu tenho quase certeza que a próxima não vai ser a pessoa certa, mas podem ser a hora e lugares certos:
-Não é tudo a mesma coisa?

Mais do mesmo.

Afinal, é todo mundo parecido e diferente ao mesmo tempo,
Principalmente quando sente dor,
Mas só quem está nu ao meio-dia, pra estar pronto pro amor:
-Né zuza?
-Pode me chamar de gui.
-Gui? Mas todo mundo te chama assim.
-Você não é todo mundo. Simplesmente gui.

Espero que você goste dos meus amigos, pois vou te apresentar pra eles como minha namorada.

Eles vão pensar:
-Caralho zuza, namorando de novo?

Responderei com um olhar, uma piscada e um sorriso.

E quando você não estiver vendo vou mandar eles pras putas que os pariram.
Com todo respeito, claro.

Quero conhecer sua família, apresentar a minha e,
Você vai amar sua sogra, e não tem como não amar
Só pra deixar claro: minha mãe é e sempre será a mulher da minha vida. Sem direito à competição.

Amor,
Quem sabe a gente acabe namorando,
De repente, a gente casa e

Quando vê:
Tem filhos.

Isso tem uma cara de leão com peixes né? Hahahaha
Aliás, colocar peixes aqui diminui a minha chance de transar em mais de 90%, esquece.

De repente estamos morando sob o mesmo teto, dividindo a cama e o copo com as escovas de dentes

Bizarro.

Tipo: estamos casados há 10 anos e eu ainda n sei oq ta coteseno.

-Beleza, eu tb não.

Mas também, tá tudo bem né?

Esse lance de relacionamento é complicadamente e, completamente, engraçado.

Pra falar a verdade, vou te tratar como se você fosse a primeira e ao mesmo tempo, a última
Nada menos do que você merece!

Espero que você também esteja esperando por mim pois:

Amor, eu estou te esperando. 

-English Version- (Comin soon enough)

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

O amor é só a ponta do iceberg


Fiquei com vontade de você.
Vontade de escrever pra você.
De ficar com você.
De beijar você (Quem sabe um dia vc facilite as coisas né)

-Atualização-
(Facilitou)

-Atualização-
(Complicou de novo)

-Atualização-
(Desisto de atualizar)

Quer saber? Foda-se.

Mas,
Vontade de abraçar você .

E uma vontade de ter um sentimento
que não fosse amor.
Todo mundo já sabe que o amor é muito clichê.
O amor é só a ponta do iceberg.

Em meio ao frio (e calor) de setembro,
penso e,
quase me lembro:
Quando amei 
Quanto amei.
Quando já sofri e até quanto já chorei .

Você bem sabe que não nascemos ontem.
Que não perdemos o cabaço mês passado.
Nem vamos cansar de amar amanhã de manhã.

É que o amor é só a ponta do iceberg.

Quero ir pro fundo, me aventurar como conquistador nesse seu mundo.

Me afogar em águas gélidas pra depois conhecer esse vulcão que existe no seu coração.

Sei bem que num palpite,
Numa declaração de um minuto e vinte,
Que você aceitaria ser meu par,
Meu elo,
Mulher,
Namorada ou esposa.
Chame do que você quiser.
Ou nem chame, se for incomodar.

To quase cansando desse jogo:
Onde você é você,
E eu continuo sendo eu.
Quero nos chamar de nós!
Estarmos transbordando quando a sós, e nosso abraço enrosca mais que todos os nós:
Que já inventaram.
Aliás nisso abraço é tão bom né?
Talvez seja melhor sermos só amigos...

Amor inventado não existe.
Pra falar a verdade acho triste:
Ficar junto desse jeito.
Prefiro amar os meus defeitos,
Pra ver se corrijo um dia,
E me refaço direito.
E ver se tenho o direito de te ter comigo.
-Mas ué, não são os meus defeitos que me fazem único?

Vem morar aqui no meu abraço,
Faço seu mapa astral de
régua e compasso.
E minto pra você dizendo que sua alma gêmea é de leão,
Que você conheceu faz pouco tempo.
Tenho certeza, sou atento
Quando minto nessas paradas.

"Quer mentir pra mentirosa?
Não é mais fácil trazer chocolate e buquê de rosas?
Ao invés de ser assim descarado"

Não vou nem te dar direito a resposta,
Te beijo logo e acabo com a prosa
Pra ver se assim nosso filme ganhar oscar.

Melhor romance do ano?
Não sei pra vocês, mas pra mim é o melhor romance da minha vida.

Que porra se romance o que, vamos beber abraços 

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Eu te amo


"Eu te amo"

Esqueçam todos os textos que escrevi até agora, eram só palavras 
A partir da palavra número 22 desse texto, vocês vão entender.

Aviso: isso não é uma declaração de amor. (Ou é?)

-ALERTA SPOILER- 

É muito provável que nossa história (não) tenha o tão sonhado "final feliz".

-ALERTA SPOILER-

Eu sempre fui o cara mais covarde do mundo.
Tanto na escola,
Quanto no trabalho ou na faculdade 
Tinha medo de tudo; de todos.

Medo de me perder,
Medo de me achar,
Medo de iniciar ou terminar conversas,
Medo de amar,
De odiar,
De perder.
Como disse: medo de tudo e de todos.

Isso não tem nada a ver com você, nem é problema seu,
Mas justifica quem sou e o que eu faço hoje.

Eu não tenho mais medo.
Acho que estava no meio do terceiro ano do ensino médio quando fiquei com uma garota pela primeira vez, e disse que a amava.

Claro, estraguei tudo.

Ela, sem querer, quebrou meu frágil coração em mil pedaços.

Não foi culpa dela.
Ela me lembrava a Summer, do filme "500 dias com ela" ou "500 days of Summer" em tradução livre: 500 dias de verão.

O filme inicia com a frase: 
"This is not a love story"

Ou: "Essa não é uma história de amor"

Mas é.

Hoje estou deitado e passei o dia todo pensando em você e como deveria te dizer que não quero mais que eu vire nós. 
Eu não quero.
Eu não posso.

Por você, por mim. 
Por nós.

Parece que eu sou a última das suas cartas, parece que sou seu coringa. Seu estepe, sua última opção. (Era) 
-Risos.

É que eu não aceito essa condição. Nem essa nem te colocar no final da minha lista. (Aceito sim, bjs)

Não vou mentir: não tá faltando mulher. Nem sexo, nem mulher pra se envolver. Isso, depois do tal terceiro ano do ensino médio, nunca faltou. (Aliás, pode ser que falte ou já tenha faltado)

É que faltava Alguém. Encontrei esse alguém umas 3 ou 4 vezes desde 2011, é como se eu encontrasse o amor da minha vida todo ano.

Aí apareceu você. Você é muito, mas muito diferente das outras.
Diferente de um jeito maravilhoso. (De um jeito desgraçadamente maravilhoso)

Na realidade, pelo menos você nunca demonstrou ser inofensiva. (Só bêbada)

Eu sou tão covarde que escrevi um texto atacando qualquer tipo de elo e coisa boa que existe (ia) entre a gente e eu tenho certeza que você vai me odiar por isso.

Eu odiei o nosso amor. (Odeio)

Todos os dias, desde que mais que os nossos lábios, mas desde que as nossas almas se tocaram, eu pensei em você. Amei você e odiei você pelos mesmos motivos.
É compreensível né?

To assistindo seu filme favorito e tenho que assumir que é impossível não sentir você assistindo aqui comigo.
Ver seus olhos presos na tela.

Você vacilou bastante comigo, mas hoje enxergo que a maioria das coisas que você fez te afetaram mais do que afetaram a mim. Afinal, as suas decisões tem mais impacto sobre a sua vida do que a minha.
Óbvio, é a sua vida.

Posso chamar de nossa?
Eu prometi que não ia deixar mais você fugir e, acho que dessa vez vai ser mais difícil.

Me desculpa, eu errei.

Errei várias vezes com você. Acho que mais do que você comigo. (Pensando bem: não)

É que eu tento esconder de todas as formas o que eu sinto por você e, mesmo assim, ainda demonstro demais.

Será que você se assustaria se soubesse que eu quero que você seja a mãe dos meus filhos? (Queria)

Se eu dissesse que quero ver você dormir e acordar pelo resto da vida?
-Claro, ao meu lado. (É...)

Mas, e se eu te disser que tenho toda a paciência do mundo? Que eu sei que você vai namorar alguém, eu também, só que essas pessoas não são nós? Que, essas pessoas vão ser passageiras e, até vai ser bom, mas eu tenho um pressentimento que vai chegar a hora da gente finalmente ficar junto? (Só que nunca)

Não precisa ser assim, a gente pode adiantar às coisas... (Ou não, também)

Arrisco até dizer aquele clichê:

"Fomos feitos um pro outro."

Essa parada de alma gêmea é balela mas, não parece que as nossas almas se encaixam? (Pior que parece)

É como se a gente namorasse sem namorar. Se casasse sem se casar e tivesse tudo escrito em algum lugar, faltando os dois dizerem sim. 
Como se tivéssemos nos conhecido e combinado tudo antes de nos conhecer.
É que quando você diz sim pra mim, eu digo não, e quando você diz não eu digo sim. A gente ensaiou isso?
Vamos combinar de: 
um dia, combinar? (Não)

Se eu não pedir você em namoro, pode me pedir. Eu ouvi uma boa história onde o machismo morre e as mulheres pedem homens em namoro. E, olha que incrível, nós aceitamos! 
Nos aceitamos. (Zzz)

Eu tenho o péssimo hábito de amar incondicionalmente e não conseguir amar pela metade, só por inteiro.

Então quando to amando você eu faço isso com o peito rasgado, quase que ajoelhado. 

Mas quando to irritado ou você some, fico mais orgulhoso do que uma montanha. Você já tentou conversar com uma? Tirar ela do lugar? (Eu não achei adjetivos melhores)

Esse texto significa muito pra mim e, quero que ele de alguma forma, signifique algo pra você. (Significava)

Não sei de onde vem tanta inspiração quando escrevo pra você, geralmente os meus textos não são tão longos. (Até sei)

Sabe a mulher que passa meu 28 de julho comigo? É você. (Era)

Sabe a mãe do Fe e da Ana? É você. (Seria)

Sabe a mulher pra quem eu levo café na cama? É você. (Não)

Eu não queria sentir isso tudo, não queria casar contigo, nem namorar nem nada disso. (Até queria)

Queria que só você quisesse essas coisas. Imagina como ia ficar fácil pra mim? (Não)

Mas nesse caso, sou eu e as coisas nunca foram fáceis pra mim. Deve ser por isso que me esforço tanto mesmo quando tudo parece tão impossível.

Bem, esse texto não é pra mim, é pra você. (Ou até um pouco dos dois)

Espero que um dia você leia tudo isso, quando estiver muito brava ou chateada comigo, e entender o quanto e como

Eu te amo,
Pequena.

-Aliás, sabe esse texto e todos os outros? Simplesmente esqueça...

Esse texto não é pra mim nem pra você, é pros nossos "eu-líricos", como você mesma disse.

sábado, 10 de outubro de 2015

Jantar á luz de velas






A gente namorava há 11 meses, o que pra mim era um recorde na época. Pensei em fazer uma surpresa.

Fiz reservas no restaurante mais chique que conheço e fui buscá-la de carro no trabalho.

Era quarta-feira mas tava com cara de sexta. Senti um cheiro diferente aquela noite, um cheiro de romance.

Apesar de cansada, minha morena sorriu pra mim.

Ah, aquele sorriso. Dessa vez, quem admirava sorrisos era eu.

Ela era um pouco mais velha que eu mas não fazia a menor diferença. Sempre gostei de mulher mais velha, mais madura. Todas as suas amigas gostavam de mim, e a sogra dela a amava e bajulava...

Pensei: Quero casar com essa mulher.

Hoje não era o nosso aniversário de namoro que eu sempre fingia esquecer, era no dia seguinte.
Pensei no lance da meia-noite, coisa e tal.

Pedi o melhor vinho quando chegamos e um prato francês que eu nem sabia pronunciar.
Tentei e, rimos.

Ela sempre foi mais humilde e modesta e questionou aquele luxo todo, mas admitia estar adorando.

A gente fingiu que era o nosso primeiro encontro, minha sugestão.

O Terraço Itália realmente é o restaurante ideal pra isso:
Música ao-vivo, uma das vistas mais belas de sampa e, a melhor companhia.

O clima tava gostoso, a noite tranquila e eu estava calmo, pra variar.

Calmaria que se rompeu num instante quando percebi que:
Ela estava querendo me contar algo. Deixei o silêncio constrangedor de 4 segundos aparecer e quebrar aquela prosa quase que suave; e revelar o que ocultava-se naquela boca. Que não eram nem dentes nem língua:
-Amor, preciso te falar uma coisa.

Senti um arrepio e todas as minhas ex-namoradas vieram á cabeça.
Pensei: de novo?

-Fala.
-É que já faz um tempo que ando meio confusa (aquário) e você sai tanto com seus amigos (touro) e me sufoca ás vezes... Parece que passou a paixão que existia no começo do namoro (gêmeos).

Será que tinha três signos terminando comigo ao mesmo tempo? Aproveitei o gatilho da última frase dela e retruquei:
-Isso tudo significa algo pra você?
-Claro que sim, você escolheu um lugar legal, você é um cara muito bacana mas eu não quero mais. Preciso de um tempo. O problema não é você, sério, sou eu.

Também acho. Já tinha escutado essa e inclusive já usei. Que desculpa feia hein?
Respondi sorrindo:
-Beleza.
-Beleza? Eu termino com vo...

Uma metralhadora de palavras irrompia atrás de mim enquanto eu calmamente andava com a garrafa de vinho em direção ao caixa. Paguei a conta, que foi cara pra cacete, deixei o dinheiro pro táxi que ela ia ter que pegar por causa do horário e fui embora.

Entrei no carro, virei a garrafa de vinho em alguns goles e me senti vazio. Fim da linha, mais uma vez.

Aliás, estava frio e o cheiro era de terra molhada, não de romance.

Um término a mais para as minhas contas, ou a menos?

Na verdade, prometi a mim mesmo que dessa vez, era o último.

-Devaneios de um futuro não tão distante, parte XXI

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

05/15/2017

15 de maio de 2017


A gente estava na estrada há uns 3 meses e não tínhamos um centavo no bolso. Mas quer saber? A gente não dava a mínima.
Porque eu dei toda toda a nossa grana pra aquele mendigo mesmo? Hahahaha

O Victor:
-De novo, caralho?

E, apesar de tudo, ele faria a mesma coisa.

Sempre dávamos um jeito.

A verdade é que a gente parecia dois pássaros viajando por um ambiente completamente desconhecido. Fora do habitat natural, da zona de conforto...
Contando principalmente com Deus, que veste diariamente até os lírios e o trigo. Por que nosso Pai não haveria de nos sustentar, né?

Abrimos nossas asas pela primeira vez e decidimos voar.
Deixamos o ninho, a família e tudo pra trás, mas será que alguma vez, já tínhamos tido algo?
-Claro que sim, mas nunca liberdade.
Aliás, deixa eu escrever de novo:
Liberdade.

Esse era um grito por liberdade que ecoava pelas nossas cabeças e;
pela estrada.

Nossa Kombi ia aguentar mais uns 30 km na reserva do combustível e estávamos em qualquer lugar entre o Acre e Amazonas, de acordo com o gps, que tinha 12% de bateria.

Eu tava dirigindo e o meu irmão tava capotadasso do meu lado.

Pilotei uns 10 km e finalmente achamos um posto. Pensei: lar doce lar.

Deixei o lutador dormindo e fui fazer meu papel de vendedor e poeta. Consegui 50 pila vendendo música e mais uns 20 pela simpatia.
Pra uma hora de "trabalho" tá bom né?
Coloquei de 30 de combustível e com os outros 40 comprei comida e bebidas pra gente. Eu sempre fazia as compras.

Já dava pra sobreviver mais uma semana.
Aliás, viver.

Acordei o veado e falei:
-Trouxe comida pra gente, corno.
-Valeu sua puta.
Aquela voz rouca de sono era engraçada pra caralho.

É, a gente sempre mantinha o respeito em primeiro lugar.
Amizade de homem funciona assim:
Enquanto a gente tava xingando tava de boa, era só não deixar o silêncio permanecer muito tempo.
Irmãos, né.

Eu sempre fazia uma piada racista, machista ou xenofóbica;ou tudo isso ao mesmo tempo; e a gente gargalhava por uns 2 km.
Mas as dele eram bem melhores e:mais sujas também.

Acho que foi nosso humor sadista que fez a gente não desistir da viagem. No começo, a gente não tinha a mínima ideia do que ia fazer quando acabasse a grana. Hoje, acabar a grana é um problema matinal tipo mau-hálito.

Vira e mexe a gente discutia religião, política e coisas que as pessoas evitam conversar. Eram os melhores assuntos.
O legal é que como os dois sabiam lutar (Ele muito melhor que eu) a gente nunca brigou de verdade. Apesar de eu sempre ironizar as coisas, ele ser sarcástico e fazermos piadas desrespeitando as nossas próprias progenitoras (Um xingando a mãe do outro)
-Com todo respeito, claro.

A fuga da realidade é uma das formas de viver. Sempre que alguém se aprofundava demais fazia meu papel de alienado que o lutador não conseguia segurar a risada. Ninguém entendia.
Acho que a nossa viagem era uma forma de nos alienar e, ao mesmo tempo, achar a verdade.

Quando tinha um wifi eu ligava pra ela, ele ligava pra sei lá quem e a gente dava aquela satisfação pra família.
Até porquê a gente não tinha crédito fazia uns bons meses.

Uma câmera, dois celulares, dois nomes sujos, uma Kombi, um violão, um Cajon, duas pranchas e dois skates. Um colchonete daqueles de academia, dois travesseiros e dois cobertores, uma caixa térmica daquelas de praia, duas cadeiras de praia e um guarda-Sol. Um mini-fogão e um mini-frigobar, muitas poesias e músicas no papel que a gente costumava compor na estrada (A gente aproveitava de fato uns 10%).
Ah, tinha o notebook também. Essa era nossa riqueza líquida total. E umas moedas. Acho que coloquei tudo.

O legal é que apesar de fudidos, a gente sempre pegava uma lembrança dos lugares por onde passava. Era sempre pelo menos uma por cidade. Algumas deixaram mais lembranças que outras, mas todas foram de alguma forma, importantes. Fotos, roupas, souvenirs...

Nosso canal tava começando a bombar e, por incrível que pareça: as pessoas preferiam conhecer nossos problemas. Ouvir nossas reclamações e rir sobre as nossas desgraças. Eu gostava que levassem meus problemas a sério, pensei.

Como, se eu mesmo faço da minha vida uma piada? Que seja.

Eu escrevia muito mais que ele, a parada dele eram as fotografias, edição, filmagem e tal. Ele também era profissional na arte de brisar.

O eu que virou nós, meu blog, depois que comecei a viajar começou a ter muito mais acessos.
Será que estavam com saudades e essa era uma forma de me alcançar?
Esse blog representou uma fase bem instável da minha vida e, agora, ele não tem mais o mesmo destinatário em todos os textos.
O eu que virou nós podia se tratar, agora, até da relação que eu tava compartilhando com meu bro, de irmandade. Mas claro, esse não era o caso no começo.
Entretanto, por incrível que pareça, ela conseguiu implantar na minha cabeça o pensamento que os meus melhores textos são pra ela.

Meu bem, dessa vez você se enganou.

Meus melhores textos são pra Nós.

Voltando,

A gente não era mais criança mas a nossa infantilidade era o que nos mantinha sãos e completamente loucos ao mesmo tempo. E sustentava o canal, também.

O último vídeo do canal tinha sido há 7 dias e estavam cobrando a gente por mais conteúdo.
Era uma bosta ter patrocínio. Mas ter uns mil reais na conta às vezes era bom. Ô se era. Valeu google ads e afins.

Enquanto a gente comia uns lanches naturais, falei:

-Mano, vamo gravar?
-Claro.
-Qual vai ser o tema?
-Como sobreviver na estrada.
-Boa.
-Será que vão gostar?
-E desde quando a gente se importa?

Pra variar, rimos.

Era o nosso vigésimo vídeo a ser publicado, mais ou menos. Mas a gente tinha material pra quase um ano, se fosse publicar uma vez por semana até o fim desse ano. Era só fazer uma boa edição e organizar o conteúdo que a gente já tinha.
Tínhamos horas de gravação só de paisagens, músicas, umas "entrevistas" que a gente fazia pelo caminho...
Ligamos a câmera e colocamos no lugar do gps pra filmar a gente de frente, como se estivessem filmando de fora da Kombi. Só que de dentro.
A gente falou groselha por uns 15 minutos, de onde a gente sabia que ia ter uns 2 minutos de glória e foi mais ou menos essa a duração do vídeo em si. Ficou engraçado.
Os erros de gravação sempre eram os mais comentados. Depois dos erros o vídeo tinha um link que encaminhava pra outro vídeo, dessa vez um tutorial de verdade de como a gente estava fazendo pra sobreviver na estrada.

A gente tava em casa.

Aliás, que saudade da minha família, das minhas namoradas e amantes, dela...
Meu irmão não queria assumir, mas, acho que ele tinha saudades de tudo e todos também, até da minha pequena.

Tava muito quente, eu não consigo pensar direito nem escrever no calor. Abri uma das infinitas cervejas que a gente tinha com a gente e meu corpo pareceu gritar de alegria. Brindamos.

Esse texto tá muito morno. Pra mim.
Da próxima eu falo dos pedágios que a gente não pagou, das conversas com a polícia, dos trampos escrotos que a gente fez, das mulheres...Ah, as mulheres...
Dos anjos que a gente conheceu no caminho, dos demônios...

Enfim, pelo menos eu sabia que parte de mim estava lá e, a outra parte, com ela.

-Devaneios de um futuro não tão distante, parte XIV

terça-feira, 6 de outubro de 2015

28 de julho (July 28th)

28 de julho

Levantei e fiz café, ela amava quando eu levava pra ela na cama

Mal consegui ver seu rosto, ela estava de costas e com o lençol cobrindo as partes que eu mais queria ver. Suas costas e tudo abaixo.

O Sol entrava sem pedir licença pela janela e iluminava todo seu corpo. Perfeição ou perversão da natureza?

Agradeci à Deus por mais um dia de vida, por ter ao meu lado a mulher que amo, pelos meus filhos, problemas, cachorros e gatos...
Agradeço também pelo meu passado, presente e tudo que ainda vai acontecer.

O café estava pronto, coloquei bastante açúcar pra adoçar a vida e preparei pão com ovos mexidos, que é a única coisa que sei fazer na cozinha além de: macarrão, ferver água, fazer chá e café, miojo, hot pocket, pipoca e lavar louça.

Ela acordou e sentou na posição indiozinho na cama. Olhei em seus olhos, sorri e ela riu pra mim.

Acho que ela lembrou da madrugada que tivemos.

Hoje é meu aniversário e quem ganhou presente fui eu mesmo, Deus abriu mão de seu anjo mais belo e casou ele comigo. Aliás, você é tão linda, sabia?

Eu sei que você sabe, é que às vezes você esquece, então te lembro todo dia.

Vou ser assim, romântico pro resto de nossas vidas.

As crianças vieram correndo e se agarraram na minha perna, o Felipe e a Ana realmente eram os filhos perfeitos. O Fe, era hiperativo e a Ana, artista. Puxou você.
"Parabéns papai!"

Abracei-os como um urso e fui preparar os cereais que eles amavam comer. Enquanto você me observava e parecia dizer que me amava pelo olhar, e eu olhava de volta e respondia que te amava mais ainda.

Amava essas conversas que a gente tinha em silêncio.

A noite foi boa.

"Parabéns, amor."

Cheguei cansado do trabalho, tirei os sapatos bem-engraxados e deixei-os fora de casa. Eu gostava assim. Afrouxei a gravata e abri o cinto, você estava vendo tv e olhando pro celular. Devia estar lendo alguma bobeira na internet ao som da novela das 8.

Como você sabe, odeio novela, e logo trocou de canal e colocou no Discovery, estavam falando sobre baleias, escutei sua voz antes de você falar. 

-Como foi seu dia?
-Cansativo. Estamos abrindo uma sede em Xangai e vou ter que ficar lá uma semana. O almoço que você fez tava muito bom (joguei fora e pedi uma marmitex) e o recadinho foi lindo (realmente a forma que ela demonstrava amor era apaixonante).
E o seu?
-As crianças estão agitadas por causa da volta às aulas e fiquei sozinha quase o dia todo. O fe brigou com um aluno novo e a Aninha desenhou a tarde inteira...
-Quer pizza de que?
-Você sabe.

Pedi uma pizza pra mim e outra pra ela, sendo que a gente sempre comia junto, um da do outro fazendo careta e as crianças comiam das duas.

Coloquei eles pra dormir, contando uma história sobre robôs que trabalhavam no lugar de seus donos e o Fe perguntou porquê eu não comprava um pra fazer isso.
-Se eu tivesse um trabalho mais simples, filhão... hahaha

-Respondi.

A Ana desenhava tudo em seu tablet, que dizia ela ser seu melhor amigo.
Na minha época a gente desenhava com papel e caneta, eu disse. Como se eu desenhasse alguma coisa, pensei alto. Eles riram. A risada dela era igual a da mãe, e a dele, igual a minha. Era engraçado como a Ana parecia mais comigo do que com a mãe e o Fe mais com a mãe do que comigo. O problema era o sorriso dele e a risada dela.

Em 10 minutos estavam dormindo. Fizeram-me prometer, como sempre, que ia ligar quando estivesse viajando pra contar as histórias. Se eles soubessem que a mãe deles era bem melhor nisso que eu...

Às vezes eu ligava meio dia, mesmo quando tinha que coordenar mais de duas equipes ao mesmo tempo em lugares diferentes.

Minha prioridade foi sempre a minha família.

Apesar do meu trabalho ser muito cansativo, eu não me importava em almoçar rápido pra ver como minha mulher estava, do que precisava e, como estavam os amores da minha vida: meus filhos.

Era 27 de julho, 23:59, abri uma cerveja, entrei no quarto e ela estava saindo do banho, sorri e fingi ignorar a sua nudez. Pensei: estávamos velhos pra isso.

Ela pergunta:

-Tô gorda?
-Aham, gorda, cega e louca.
 
Ela riu. Amo aquela voz, aquela risada.

Ela vai pra sacada fumar e eu vou junto, só pra observar o céu maravilhoso de Atlanta. Pensei: Ela não tinha parado? 

Nos mudamos por causa do meu trabalho há menos de um mês e já vou ter que viajar de novo. Os cereais são caros e a educação das crianças também. Ela acenou com a cabeça sem eu ter falado nada.
Saiu uma frase de sua boca em meio a fumaça que eu já sabia que ia rolar:

-Vou sentir saudades.

Abracei-a por trás pra ela se sentir segura e sussurrei no seu ouvido:

-Eu também.

Dessa vez, a gente realmente tinha um relacionamento. A gente tinha uma família. Só que a gente ainda parecia ser aquele casal apaixonado de meados de agosto, há vários anos atrás, que já se amava e nem sabia ainda.

Ela odiava a palavra relacionamento, casamento, namoro. Então eu fingia que não gostava também.

A noite foi boa.

Não acho prudente narrar um conto erótico mas a primeira coisa a acontecer foi o tocar dos nossos lábios. Como eu amava beijar aquela boca. Nos beijávamos rápido, como se fosse a última vez, anunciando o sexo que estava por vir.

A gente nunca transava na cama, era sempre no banheiro, no chão, pelos móveis. Claro, pensei em tudo: Nosso quarto isolava o som com a dignidade de um estúdio, mas sempre estávamos de olho nas crianças pelo sistema de monitoramento.

Minha mão correu pelo seu corpo até tirar aquele roupão que ela tanto amava usar, ela já estava sem roupa íntima. 
-Que novidade né?

Nem precisei tirar a calça ou o terno, ela já era profissional nisso. Pensei: puts preciso tomar banho.

Antes de falar:

-Depois você faz isso. E sorriu.

A gente transou a noite toda, paramos às cinco da manhã, quando nenhum dos dois tinha mais força.

Como foi, deixo pra você adivinhar, leitor.

Só digo que ela é talvez aquariana, não se chama Mariana e meu nome é Guilherme.

-Devaneios de um futuro não tão distante, parte I.

domingo, 4 de outubro de 2015

Por que é junto ou separado?



Realmente meus melhores textos são pra ela.
São pra você, pequena.

Porque a gente tá junto?
Qual é o porquê de estarmos separados?
Porque é junto ou separado?
Depende.

A gente é péssimo em ficar separados.
E pior ainda, juntos.

Acho que a gente nunca vai dar certo,
nem errado.

Uma bruxa e um pastor, de novo.

Eu já falei tanto de você.
Acho que não há uma única pessoa nesse último mês,
que não tenha conhecido seu nome
ou seu cheiro
ou o jeito que você me abraça
e me beija.

É que falei tão mal e
Tão bem,
Também,
de você.

Pequena, eu realmente vejo a gente junto daqui pra frente.
Li em algum lugar que o amor é paciente e tudo espera,
tudo crê,
tudo suporta... (I Cor 13)
Não foi Renato Russo que escreveu,
Fica a dica.

Porque se o porquê for junto ou separado,
você vai continuar sendo a minha pequena
eterna pequena.

Enfim, 
te amo.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Bem-vinda (Welcome)






Hoje é dia 15 ou 16?
"Baseado em fatos reais"

- De que adianta ter a data e não enxergar?
Eu ri. Não sabia o que responder...

Estava quente: A brasa do cigarro, o ar ao redor... 
A única coisa fria ali era o meu coração.

Inverno no verão;
Verão no inverno;
Entende quem
Entende de
Leão 

É incrível a capacidade que a gente tem de
gostar de quem não gosta da gente.

Só entende quem sente.
Aquele calor e frio que vem
Na mente.

Quando de repente
Aquele beijo aconteceu
E me afetou 
Completamente 

Mudo de nome,
Remetente
Mas não muda essa porcaria de
Sentimento que sinto pela gente

Que, coincidentemente 
Pelo jeito só eu sinto,
E você não sente

De que vale um eu te amo
Sem aqueles beijos 

Se nele, eram demorados,
Porque os nossos foram tão curtos?
É mais fácil procurar outro alguém 

Encontrar alguém para amar,
Longe da mesa do bar 
Mais perto da igreja 

Vou tomar menos cerveja
E quem sabe assim
Ela entenda que eu realmente
Amei-a

Mas será que ela realmente amou?
Que pergunta retórica 

Nesse caso prefiro não ter 
Resposta

Assim dói menos.

Da próxima vez que você sentir saudade
Eu já estarei longe, longe de ti,
Longe até de mim.

O meu cigarro apagou antes do fim desse poema 

Que escrevi, dessa vez, de caneta preta

Pelo luto do nós, que dessa vez virou eu.

E, dessa vez, o nós que virou eu,
Fui eu quem escolhi.

Se você ainda não morreu pra mim,
Quero que saibas que morri pra você.

Não peças remédios, cigarros nem cerveja

É que dessa vez:
Tenho certeza

Aprendi a dizer não pra nós, pra você e e até pra mim.

Bem-vinda, amor
Bem-vinda ao nosso fim.

Naiara Uganda, não amo mais você.

Parece covardia não dizer seu nome,
é que sou corajoso o suficiente pra não expôr mais o que já
foi tanto exposto.

-English version- (Coming soon)