Chegamos uns dois dias antes do Réveillon pra montar as barracas do camping, descolar onde ia ser o agito e nos habituar com o lugar. A praia estava calma.
Dessa vez, eu ia passar o ano novo "sozinho".
Pelo menos a gente trouxe o violão, pensei.
Descobri onde era o mercadinho, a padoca...
Era 31 de dezembro e 6 da matina.
Comprei macarrão, seda, bebidas e cigarros.
Quando cheguei senti aquele cheiro de maresia gostoso no camping, os pássaros cantavam e todo mundo ainda dormia.
Fiz café. Acho que o cheiro acordou a vizinhança.
Servi.
O papo era leve e cada um falava sobre a vida chata e monótona que levava em tom de brincadeira. Todo mundo reclamando, mas foi muito engraçado.
Acho que era uma espécie de competição pra ver quem era mais otário.
Lógico que ganhei quando contei as minhas histórias de amor. Queria eu que fossem inventadas.
Claro que ganhei.
Ela ria de tudo o que eu falava, como se realmente fosse engraçado ou interessante.
Me disseram que ela tava afim de mim, sei lá,
Se pá...
Dei uma varrida na barraca e estendi as roupas que tavam molhadas, me senti uma dona de casa.
Como diria ela:
-Que comentário machista.
Acendemos um e agradecemos a Jah.
Fui na goma pegar o violão,
Comecei de "Só agradece" e passamos pra "Súplica Cearense" depois um fala mansa, maneva...
O Dan acordou e tirou o violão da minha mão, com razão, e tocou "alma por alma", nossa música.
Todo mundo curtiu.
Ai mandamos "vivendo errado" que é nossa também, logo em seguida.
Aquele moleque nasceu pra tocar.
Quando fomos ver já era do almoço e tava todo mundo numa larica monstra.
Fiz um macarrão e as meninas me ajudaram, todo mundo comeu igual condenado hahaha
Abrimos umas brejas e ficamos rindo o tempo todo, chapados e bêbados, tinha coisa melhor?
Quando acordei era 11 da noite e levantei assustado, com a maior barulheira lá fora. Já tava todo mundo de branco.
Coloquei meu samba-canção só pra descontrair e regata branca.
Fui pra gandaia.
Beijei uma, duas, três...
Foi divertido.
Até que encontrei, num relance, aquela mina que tava afim de mim. Dropei um e fui ver mais de perto.
Cheguei dizendo:
-Poxa, tava te procurando.
Nos beijamos e percebi que ela tava chapada:
-Que bom, eu também.
Foi um beijo esquisito, daqueles que parece que você fala A e a pessoa fala B.
O ano virou e, nada mudou. Continuo no mesmo emprego, gostando da mesma mulher e,
Escrevendo.
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