Esse mês de férias do Fe e da Ana, meus filhos, estavam me deixando louco. Inventei de pegar minhas férias também no mês de julho planejando "descansar". Não deu certo. As crianças tomavam grande parte do nosso dia e a gente ficava cansado demais pra fazer qualquer coisa à noite.
Fiquei o dia todo fora, comprando as coisas impossíveis de se encontrar que minha mulher pediu e visitando uns velhos amigos.
Quando cheguei em casa, minha mulher estava incrivelmente linda e, me recepcionou com um longo beijo carinhoso. Senti que deu merda.
Ela logo ofereceu ajuda pra carregar as coisas e naquela hora saquei que alguém tinha feito besteira: quem?
Vi umas manchas de tinta na mão dela e o Felipe ria demais, a Ana calada, como sempre, mexendo no celular.
Perguntei:
-Tá, vocês vão me contar o que aconteceu?
-Nada, amor.
Riu.
Como eu amava aquela risada:
-Não aconteceu nada, paizão!
Retrucou o Fe.
Guardei as coisas e fui ver se estava tudo bem trancado pois já estava anoitecendo e então me deparei com "a arte" no corredor que dava pros quartos.
Uma infinidade de cores, tintas e mãos pelas paredes e os pincéis atirados no meio do corredor. O box e a pia do banheiro estavam impecavelmente sujos:
-Ainda bem que pintei tudo de tinta lavável, pensei.
Meu amor me agarrou por trás e me empurrou pra cama, dizendo com uma voz absurdamente sensual:
-Hoje você é todo meu.
Que homem não quer ouvir isso, não é mesmo?
-Adorei a pintura, é contemporânea?
-Renascentista.
Rimos.
Me questionei como poderíamos ter 8 anos de casados e termos o mesmo humor de 2015.
Pensei:
-É, to ficando velho.
Tomei meu banho e coloquei dentro do livro -seilá eu qual ela tava lendo agora- o pingente que achei com tanto custo, e que procurei o dia todo.
Quando ela saiu do banho e fez todo aquele charme pra deitar, enrolar o cabelo na toalha e abrir aquele velho livro, sorriu e me disse com os olhos molhados:
-Eu te amo.
-Eu também.
Fico me perguntando se isso já aconteceu ou ainda vai demorar pra chegar.
-Devaneios de um futuro não-tão-distante, parte II
-english version-
This vacation month was killing me. My children, Felipe and Ana, were tiring me and my wife like HELL. I took july to rest but...Couldn't.
They took a great part of our days and we weren't all-up at night.
I spent the whole day far from home, and I liked it, to buy all those impossible-to-find-things which my girl demanded. I also visited a bunch of friends.
When I got home, my wife was insanely pretty and offered to help me to carry all that stuff, also kissed me softly. I smelled all that guilt.
I saw some paint stains on her hands and Fe laughed so hard, Ana was quiet as always, doing something on her phone.
I asked:
-Nothing, sweetheart.
She laughed.
I fucking loved her laugh:
-Nothing happened, daddy!
Said him.
I organized everything, as always, and went to see if everything was nicely locked because it was already dawn, so I finally found the "piece of art" on the linguee.
A great variety of colors, ink and fingertips on the walls, some brushes on the floor. The bathroom was a complete mess:
-At least the wall painting is washable, I thought.
My honey hugged me from behind and then pushed me to the bed, saying sexily:
-Tonight you're all mine.
What man would not like to hear that, right?
-I loved the painting, in it contemporaneous?
-Renascent.
We laughed.
I asked myself how we could be married for 8 years and still the same humor from 2015.
I thought:
-I'm getting old.
Took my shower and placed secretly a pendant inside the book she was reading -I had no idea which was- I took all day to find it.
When she left the bathroom and walked so beautifully and then laid on the bed, she dried up her hair and opened that old book. She smiled and said almost crying:
-I love you.
-I love you too.
I keep wondering if this has already happened or how long will it take.
-Reveries from a not-so-long future, part II
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